domingo, 2 de maio de 2010

Moradores de BH se unem para cobrar ampliação de metro


06/11/2009
Associações de bairro, usuários de ônibus e centrais sindicais querem ampliação do sistema de transporte coletivo
Cristina Horta/EM/D.A PRESS
 Cerca de 400 pessoas participaram de manifestação na Praça Sete pedindo a ampliação das linhas do metrô. Eles querem mais empenho dos políticos mineiros

Promessa de nove entre 10 candidatos a prefeito de Belo Horizonte nos últimos pleitos, mas nunca cumprida, a conclusão do metrô se arrasta há 30 anos e seus principais defensores, agora, veem da base. Associações de moradores do Barreiro, Betim e Contagem se uniram a centrais sindicais, entidades de usuários do transporte coletivo, lideranças religiosas e movimentos sociais, em geral, para cobrar uma mobilização efetiva dos representantes políticos mineiros a favor das obras, que podem transformar a cara do transporte público na capital.

O primeiro gesto do grupo ocorreu no início da tarde de ontem, na Praça Sete, no Centro de Belo Horizonte, justamente no local onde, em tese, já deveria passar uma linha do metrô, segundo o projeto da década de 1960, que vem sendo adaptado para o momento atual, mas que ainda está longe de sair do papel. Entoando gritos de guerra como “essa novela, tem que acabar…eu quero ver o metrô de BH”, e “ô,ô,ô, o povo quer metrô”, cerca de 400 manifestantes distribuíram panfletos e caminharam pela Avenida Afonso Pena até a sede da prefeitura, onde pediram uma audiência com o prefeito para discutir o problema.

Abrir espaço na agenda de Márcio Lacerda (PSB) e o do governador Aécio Neves (PSDB) é uma das ações que pautam o grupo, mas a principal reivindicação é a ampliação do movimento pelo metrô e a formação de uma frente parlamentar suprapartidária, composta por vereadores, deputados estaduais, federais e senadores. Juntos, os parlamentares ganhariam mais força para convencer o governo federal a investir, finalmente, na proposta de expansão dos trens. A causa não é apenas dos moradores das regiões mais distantes da Região Central da capital, mas também de especialistas em mobilidade urbana que vêm apontando o metrô como solução dos principais problemas do transporte da capital mineira.

“Em época de eleição, todos os candidatos prometem acabar essa novela. Mas tomam posse e a coisa esfria. A prefeitura e o governo do estado têm que fazer o prometeram. Se não ficarem em cima do governo federal, a obra não vai sair”, disse José Geraldo Alves, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Metroviário e Conexos de Minas Gerais, um dos envolvidos na mobilização. “Se os governantes não se movimentarem e não batalharem mais por esse projeto, o troco virá nas urnas”, alerta o sindicalista.

Lacerda e Aécio Neves prometeram, nas últimas eleições, aumentar a pressão sobre o governo federal para conseguir os R$ 3 bilhões previstos para a conclusão das linhas 2 (Barreiro-Santa Tereza) e 3 (Pampulha-Savassi). Mas o esforço não foi suficiente para convencer o Executivo federal. Em agosto, Lacerda divulgou um plano de metas e resultados para a melhoria da qualidade de vida na capital até 2012, mas a construção de novas linhas de metrô não foi incluída no plano, mesmo com a realização da Copa do Mundo no Brasil, em 2014. Atualmente, BH conta apenas com a linha 1 (Eldorado-Venda Nova).


Promessa sem fim

As obras do metrô se iniciaram em 1981, com a construção da Linha 1 (Eldorado-Venda Nova). A conclusão da primeira etapa da obra demorou 20 anos, quatro vezes o período previsto inicialmente (cinco anos).


Em 1987, os trens saíam do Eldorado e chegavam à Praça da Estação. Mas, por falta de verba, as obras ficaram paradas nos cinco anos seguintes.


Em 1998, a CBTU começou a terraplenagem para instalar a Linha 2 (Barreiro-Calafate), com conclusão prevista para 2004. A promessa não foi cumprida.


Em 2003, o Tribunal de Contas da União (TCU) denunciou irregularidades no trecho final e as obras atrasaram ainda mais.


Em 2004, a CBTU anunciou a transferência do metrô para o estado, mas a promessa não se concretizou. A companhia licitou projetos das linhas 2 e 3, que deveriam ficar prontas em 2008. Mais uma vez, a promessa não foi cumprida.


Ao ser eleito, no ano passado, com o apoio do governador Aécio Neves, Márcio Lacerda prometeu unir esforços para convencer o governo a liberar os recursos necessários à conclusão da obra. Mas o prefeito jogou a toalha no ano seguinte, ao admitir ser difícil conseguir recursos para o projeto.


Atualmente, só a Linha 1 está pronta. Linhas 2 e 3 continuam no sonho.

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